A saga do Infinito - O Tédio, negro e vazio


O Acaso repousara em um Tédio negro e vazio, quando, enérgico, ele reivindicou as suas Ideias que o Tempo lhe fizesse companhia. O Tempo, tímido, lhe indagou que apenas ele, o Tédio continuaria imperecível, pois não havia por onde o Tempo passar. Foi quando o Acaso pegou uma velha Ideia e concebeu um aparato que o nomeou Infinito, para que se pudesse ver o Tempo correr por ele. O Acaso se dera por satisfeito, afinal, ver o Tempo correr era ainda mais emocionante a cada volta que completava no Infinito. 

Tão logo o Tempo completara algumas voltas, em uma tentativa de reivindicar a si algumas Ideias que o Acaso resguardara, ele tratou de lembrar a este que o Tédio continuara negro e vazio. O Acaso, na ausência da Inspiração, entregou uma de suas Ideias ao Tempo para que este concebesse algo que de tão complexo e grandioso, ocupasse toda a extensão do Tédio, para que quando o Acaso tentasse olhar para o Tédio, alguma coisa o distraísse. O Tempo, que não gostava de se perder em distrações, se ocupou em expandir o Infinito até os limites das colunas do Tédio e dentro do infinito ele criou a Mortalidade, sua obra prima, uma distração do tamanho do infinito para aprisionar o Acaso em seu próprio vício sem que este percebesse e em uma dobra temporal o Tempo tomou para si todas as Ideias do Acaso e as ordenou uma a uma dentro de seu sistema complexo para que fossem controladas por seu imediato, o Destino, o roteiro da longa saga do Infinito criada pelo Acaso e tomada pelo Tempo, o sentido da existência da criação, a proposta jamais conhecida e irrefutável que se firma a cada concepção, a ordem que contrapõe o Acaso.

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